quarta-feira, 18 de abril de 2012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Relato pós morte de um motor 2 Tempos (Para descontrair). Num belo domingo um motor 2T refrigerado a ar, que andava com duas agulhas, uma baixa magra e uma alta gorda, resolve sair dar umas voltas pela pista. Nas primeiras voltas tudo tranqüilo o piloto está esquentado pneus e andando na boa. Dura pouco tempo o cara começa baixar a bota, entra na reta com o cabo do bura esticado até o talo, cabeçote e cilindro tranquilos com cabelos ao vento. O Sr. Bura, como um barman preparando o cocktail dos Deuses: Etanol + Óleo 2T + Ar, mandando direto na goela do motor. Tudo certo para um Fim de semana perfeito. A reta está acabando o piloto tira o pé, a borboleta fecha, a agulha de alta para de suprir o motor, o giro vai caindo, está agora em 10 mil RPM, o anel esfregando no cilindro 166 vezes por SEGUNDO e a película de óleo cada vez mais fina. O clima começa a esquentar, o cabeçote fala pro bura: - Manda mais óleo Mané! - Seguinte mano, a de baixa tá magra e tem óleo não! – Responde o bura. O pistão começa a ficar de cabeça quente: - Resolvam logo essa parada senão vou perder a cabeça! Borboleta na posição média /baixa só a agulha de baixa funciona. Borboleta na posição média /baixa só a agulha de baixa funciona. Os roletes do pino do pistão estão rezando e querem fugir da gaiola, a biela e o vira que estavam achando tudo COOL começam a ficar preocupados. O piloto soca o pé no acelerador, alegria geral, a de alta, aquela gorda, entra na parada e as duas agulhas juntas mandam óleo por tudo que é furo do bura mas… De repente aparece um piloto com outro kart a sua frente, o que já era ruim começa a piorar, sim, pois um piloto na frente, o de trás é OBRIGADO a ultrapassar. Enquanto isso no cárter a coisa está esquentando. A bolacha do vira e a amiga biela não estão achando mais que está tudo COOL, se refrescam na mistura fresca, e lógico, esquentam o óleo que com o aumento de temperatura vai perdendo a viscosidade. O ciclo se repete, pé no fundo com as duas agulhas trabalhando, refresca um pouco, tira o pé só a de baixa funciona, esquenta. O piloto não consegue ultrapassar, anda colado no pára-choque do kart da frente, a dupla cabeçote e cilindro ficam putos com a situação, no vácuo a coisa esquenta ainda mais. Dentro do motor, a película de óleo está toda cheia de si se achando cada vez mais esbelta para o desespero do pistão que cada vez mais dilatado e puto da cara grita para o cilindro. - DILATA, DILATA senão vai dar MERDA! O cilindro com aquele jeitão de malandro replica: - Você só pode tá bêbado cara, andou bebendo NITRO? Estamos em pleno vácuo estou quente pacas. Por acaso vc esqueceu que meu coeficiente de dilatação é menor que o seu? Vai procurar tua turma! Já no limite, o piloto da frente entra nos boxes para um pequeno alívio no reino das peças, de volta com a cara para o vento a coisa resfria um pouco, pena que não por muito tempo, pois o nosso piloto ainda está empolgado, com o rabo cheio de adrenalina começa a cantar: - Ai, se eu te pego, nossa, nossa…. e nem lembra o que é agulha de alta e de baixa. Borboleta na posição pé no fundo as duas agulhas funcionam. Borboleta na posição pé no fundo as duas agulhas funcionam O pistão já aos berros para o cilindro: - Cara DILATA agora! É uma ordem! O cilindro, já de saco cheio esbraveja: - Ordem? Era só que me faltava! As tuas priminhas de alumínio, as aletas, estão me resfriando, estou contraindo Mané! Se vira nos 30 meu! O pistão apela pra Senhora Vela: - Sua vaca, pare de ficar piscando igual a uma penteadeira de puta, dá um tempo, apaga tudo ai, vai dormir! - Não posso fazer nada, perdi a razão estou apaixonada seguindo os impulsos da ignição! – responde a Senhora Vela toda elétrica. Todos em coro pedem para a ignição dar umas rateadas, simular mau contato ou fazer qualquer coisa para alertar o piloto. A distinta senhora MOTOPLAT com mais de 40 anos de excelente trabalho prestado a comunidade kartista, responde com a classe de sempre. - Senhores, não posso denegrir a honra de minha linhagem. Nós não ficamos doentes, não apresentamos defeito intermitente, funcionamos com 100 % de eficiência até o ultimo suspiro. Não existe meio termo ou é vida plena ou morte. Sinto muito, ainda não chegou a minha hora de partir. Num ato de desespero o pistão suplica para as agulhas: - Ô da de baixa, abre um pouco ai, please! - Qualé cara! Não sou dessas de ficar me abrindo pra qualquer um não. Só me abro pro piloto. Bem ao fundo deste cenário catastrófico começa a ecoar um leve ping-ping, parece ser um ruído de metal contra metal, o anel resmunga: -É o diabo arrastando as correntes do inferno, é para onde todos vamos se eu continuar me esfregando no cilindro com pouco óleo. - Valha-me minha Deusa Ísis! O que é isso? Exclama a pirâmide apavorada e novata na área. - Não disse, não disse? Agora é uma questão de tempo, pra ser mais exata, de segundos – diz a Biela. A pirâmide começa a chorar e a se lamentar. – Sou muito nova para virar múmia. O som que era baixinho começa a tomar conta do espaço, era o som do temido "Grilo", prenúncio de morte eminente, com o motor grilando todos já estavam condenados… Trinta segundos depois o pistão fala com voz pastosa: - Eu avisei cambada de boca de burroooo esssstouu perdendoooo massssaaa encefáliiiicaaaaa! Os pequenos pedaços da cabeça do pobre pistão começam a se infiltrar na canaleta do anel, na gaiola, entre as bolinhas do rolamento e tudo gera cada vez mais calor. O fim está próximo. Está tudo quente, muito quente começando a derreter. De repente não mais que de repente e por um breve momento, silencio mortal…. O cabeçote com ferimentos leves, o único que sobreviveu para contar essa estória, antes de desmaiar ouve uma voz desesperada vinda lá do fundo do capacete, abafada pelo ruído dos pneus travados queimando no asfalto. - FUDEU, FUDEU! Texto: Darci e Rodrigo Bmikossiski http://www.centralkart.com.br/wp/2012/04/relato-pos-morte-de-um-motor-2-tempos/#more-1906